A História de uma Praça
Linda e repleta de quaresmeiras floridas, a Praça Amadeu Decome situa-se em um dos pontos mais altos da cidade de São Paulo, entre a Rua Sepetiba e a Cerro Corá. É conhecida também como o Mirante da Lapa, pois sua vista é uma das mais bonitas da região. Nesta praça há uma nascente de água cristalina e um rio que ali nasce...
Esta poderia ser a única realidade da Amadeu Decome não fossem alguns detalhes: os postes de luz estão acima da copa das árvores, o que a torna escura à noite. A limpeza é feita pela subprefeitura (Lapa), apenas em seu entorno, e a parte central acaba ficando tomada de tanto lixo. Não existe lata de lixo, a topografia é de difícil acesso, sem manutenção. O lugar que marca a nascente parece mais uma lata de lixo, mal dá para imaginar que um dia tivemos ali, o Rio Tiburtino.
Há cinco anos, nós moradores do bairro, desenvolvemos na vizinhança, um projeto de revitalização desta praça – O Movimento Boa Praça. Com a colaboração de todos, buscamos conviver, experimentar a praça e pensar a cidade. A nossa atuação está em várias frentes, como os já tradicionais piqueniques que acontecem a cada último domingo de mês e que tem como lema deixar a praça sempre melhor do que quando a encontramos, e outras, como refletindo sobre leis, dialogando com políticos, administradores públicos e sociedade ou desenvolvendo pesquisas e mapeamentos no entorno.
Este ano, participamos da X Bienal de Arquitetura, que trouxe o tema “Cidade: Modos de Fazer, Modos de usar”. Com a meta de dar continuidade ao sonho de reconstrução coletiva de uma nova Amadeu Decome, convidamos o arquiteto Tomaz Lotufo (meu irmão), para desenvolver um workshop com o tema "Design de Interesse Publico", a metodologia de trabalho que opera com o princípio do fazer COM e não o fazer PARA - ou seja, a comunidade como centro do projeto.
Após o workshop com Tomaz, realizamos, neste último domingo, 27/10/2013, um dia de reconhecimento da praça Amadeu Decome. Além dos arquitetos, convidamos a comunidade do entorno, interessados em geral e a subprefeitura. Conversamos sobre possibilidades e ideias que surgiram no workshop, apresentamos dados e olhamos cuidadosamente a praça para pensarmos, juntos, em equipamentos que poderiam abastecê-la de vida. O Subprefeito da Lapa, Ricardo Pradas, colocou-se a disposição para nos ajudar nesse processo. Por fim, formamos um grupo de trabalho que dará continuidade ao projeto.
Está na hora de pensarmos, não só o que é, mas como poderia ser esta praça. A ideia é estender nosso imaginário em relação ao que é possível fazer em uma praça, dando vida a este espaço que nos pertence: um café para o fim de tarde? padaria artesanal? mirante, feira livre, espaço de reuniões? jardins ecológicos que absorvem a água da chuva, produzem alimentos e são rodeados por pomares?
Com estas possibilidades em mente, deixo aqui um convite: que tal participar com a gente deste processo de transformação?
Vejam Reportagem do Jornal da Gente - Lapa