23 de mai. de 2011

Movimento Boa Praça promove “Desinauguração”da Praça Paulo Schiesari, na Vila Anglo Brasileira

Moradores fazem protesto neste domingo porque a reforma da praça parou no meio. O dia vai ter atividades, como oficina de produtos de limpeza ecológicos e cinema ao ar livre

Um ato bem humorado e cheio de ironia foi a maneira encontrada pelo Movimento Boa Praça para protestar contra a omissão da subprefeitura da Lapa na reforma da Praça Paulo Schiesari. No próximo domingo, dia 29 de maio, um ator vestido de político irá fazer a “Desinauguração da praça”, entregando à população uma praça pior do que estava antes da reforma, realizada no início do ano. “O movimento decidiu reclamar depois de se cansar de cobrar o poder público pela realização da reforma”, diz Carolina Tarrio, uma das coordenadoras do Boa Praça.

A reforma, um antigo desejo dos moradores da Vila Anglo Brasileira, começou a ser articulada no fim de 2009, quando o Movimento Boa Praça obteve uma emenda parlamentar no valor de R$ 80 mil, sendo R$ 20 mil para iluminação e R$ 60 mil para a obra. O empenho foi conquistado junto ao gabinete do Vereador Eliseu Gabriel (PSB), baseado em uma lei de sua autoria, que determina não haver nenhuma situação de risco a 100 metros de uma escola pública. Como a Paulo Schiesari fica em frente à Escola Estadual Mauro de Oliveira e há um terreno baldio do lado da praça, o orçamento foi liberado para a subprefeitura.

No entanto, após uma série de problemas burocráticos, a obra só foi iniciada em dezembro de 2010, mais de um ano depois. Durante esse tempo, o Boa Praça cobrou a subprefeitura sistematicamente e promoveu a realização de um projeto arquitetônico coletivo, com o auxílio dos arquitetos Thea Standerski, Eduardo Martini e Sun Alex. Esse processo identificou, junto com a população do entorno, os principais problemas e os usos possíveis da praça.

De maneira resumida, o projeto propunha:

Iluminação do patamar inferior da praça e do terreno em frente a ela

Dois novos acessos no patamar inferior da praça

Readequação do parquinho na parte superior

Remodelação da escada que une os dois patamares

Instalação de mesas de convivência e de jogos na parte de baixo da praça

Adequação às normas de acessibilidade

Reforma do passeio ao redor da praça

Nivelamento do terreno

Construção de muro de contenção no terreno

Remoção e poda de árvores que levantam o calçamento e escurecem o local

O projeto foi levado à subprefeitura da Lapa, que se comprometeu a executar todas as reivindicações acima listadas, menos um dos acessos, já que a verba seria insuficiente para tanto. No entanto, essas promessas ficaram pela metade. Depois de três meses de obras, com os moradores fiscalizando de perto porque a empresa contratada não aparecia para fazer o serviço, a prefeitura reformou o passeio, construiu um assento e um novo acesso no patamar inferior.

Todas as outras reivindicações ficaram sem fazer. Os brinquedos do parquinho estão em estado deplorável, colocando em risco a integridade física das crianças; a praça e o terreno continuam às escuras, favorecendo todo tipo de ato ilícito durante as madrugadas; as mesas no patamar inferior não foram instaladas, e o acabamento dos serviços realizados deixou muito a desejar (nada foi pintado, por exemplo) e absolutamente nenhuma melhoria ocorreu no terreno baldio.

“Até mesmo os serviços mais simples, como corte de mato, deixaram de ser realizados. A gente também perdeu o zelador da praça, que havia sido conquistado pelo Movimento”, informa Ricardo Ferraz, morador da Vila Anglo. “Gostaríamos que a subprefeitura visse o Boa Praça como parceiro para trabalhar de maneira mais próxima à população, mas não é isso o que tem ocorrido”, diz Carolina Tarrio.

Oficina e cinema

Além do protesto, o 24 PicNic do Movimento Boa Praça vai promover uma oficina de produtos de limpeza ecológicos, feitos à base de vinagre e bicarbonato de sódio. A oficina faz parte de uma parceria entre o Boa Praça e o Idec, o Instituto de Defesa do Consumidor. Quem irá ensinar a técnica aos presentes será uma vizinha, capacitada pelo Idec para se tornar agente multiplicadora de boas práticas que reduzem o impacto ambiental dos produtos convencionais e ainda ajudam a economizar no orçamento doméstico, transformando a Paulo Schiesari em uma sala de cinema ao ar livre.

O dia vai terminar com a exibição do filme “Quincas Berro D’água”, dirigido por Sérgio Machado e estrelado por Paulo José. O projeto Cine B, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, em parceria com a Brazucah, vai instalar uma tela, um projetor e cerca de cem cadeiras portáteis, transformando a Paulo Schiesari em uma sala de cinema ao ar livre. “A idéia do Cine B é popularizar o cinema nacional, construindo um circuito de exibição alternativa de produções brasileiras de longas e curtas metragens. Acreditamos que a parceria com o Movimento Boa Praça é uma ótima oportunidade para isso”, diz Cidálio Santos, coordenador do Cine B.

www.boapraca.ning.com