11 de jan. de 2009

Revista Época/SP online

Mais uma notícia que saiu sobre a festa da Alice. Coloquei logo abaixo o link para a notícia (com vários comentários sobre a iniciativa).

A praça é nossa
POR JEANNE CALEGARI
Paulistana ajuda a reformar parquinho da praça em frente à sua casa, a pedido da filha de três anos

“Mãe, podemos fazer a minha festa no parquinho da praça?” A pergunta foi feita por Alice, de 3 anos, para a mãe, a administradora de empresas Cecilia Lotufo, de 33 anos. O aniversário da menina seria dali a um mês. Cecilia pensou no parquinho meio abandonado, com brinquedos quebrados, pintura descascando. “Não, ali não dá”, disse. Mas a filha insistiu e a mãe perguntou: “Se você não ganhar nenhum brinquedo, só o parque, você aceita?” Alice topou, e Cecilia começou a reformar a praça para a festinha. O aniversário foi um sucesso e hoje o parque tem brinquedos novos, pintura fresquinha. Muitos vizinhos que não freqüentavam a praça hoje passeiam por lá. Todos se empenham para conservar o espaço de lazer.

Quando Alice fez o pedido para a mãe, em agosto, a praça estava degradada. Quando os brinquedos quebravam, a prefeitura os retirava e não trazia de volta. “Mãe, cadê o gira-gira? Cadê a balança?”, perguntava a filha de Cecilia. “A praça era perigosa, algumas figuras estranhas rondavam por ali”, diz a mãe. Para reformar o local, Cecilia entrou em contato com a subprefeitura de Pinheiros, onde mora. O chefe de obras disse que a reforma da praça já estava programada, mas poderia demorar até o fim do ano para ser feita. Com a insistência dela, porém, os funcionários do gabinete adotaram a idéia e começaram a cuidar da revitalização do local.

Sempre com a participação de Cecilia, foram feitos encontros para definir como seria a reforma. Um arquiteto fez um projeto de paisagismo, brinquedos novos foram comprados, a pintura foi refeita. Pintaram o escorregador, tiraram a ferrugem da grade, colocaram gangorras novas. A festa foi preparada na base da camaradagem: no lugar de presentes, Cecilia pediu que os amigos ajudassem com alguma coisa para a praça. Um amigo designer fez o convite da festinha e mãe e filha passaram de porta em porta chamando todos os vizinhos. A celebração foi um sucesso: 200 pizzas e bolo de um metro, uma verdadeira festa comunitária. Entre os presentes, uma oficina de mosaico, cujo resultado acabou enfeitando a parede da praça, uma apresentação de dança flamenca, um jogo de amarelinha de pedra. Um supermercado próximo doou as lixeiras de lixo reciclável.

A herança da celebração ficou para a vizinhança. Gente que morava perto e não se conhecia agora se encontra para conversar sobre a manutenção do local. Todos se conhecem e se cumprimentam pelo nome. As crianças ficam mais no parque, a praça está mais movimentada, o que aumenta a segurança de todos. “Expandimos nosso mundo, nosso senso de comunidade”, diz Cecilia. Na parede da praça, junto ao desenho de Gandhi, uma frase dita por ele: “Seja você mesmo a mudança que quer ver no mundo”. Alice mal completou quatro anos e já está aprendendo que dá pra ser assim.
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