3 de dez. de 2010

TERRITÓRIOS

(Texto retirado do site do Projetos Terapêuticos - http://www.projetosterapeuticos.com.b

O evento foi realizado no Teatro da Vila e contou com a presença de duas integrantes da Autoformação que nos instigam questões a partir de suas práticas: O Movimento Boa Praça, apresentado pela articuladora Cecília Lotufo, e um trabalho de extensão desenvolvido na UBS Pêra coordenado por Luciana Côlvero. Dois debatedores problematizaram as apresentações: o geógrafo Pablo Ibanez e o urbanista Nabil Bonduki. A tônica do encontro foi a possibilidade de se compartilhar saberes e produzir elaboração para o fortalecimento de nosso coletivo.

As duas apresentações evidenciaram a importância de se conhecer o território para produzir um conhecimento que seja útil para a população e que permita a participação e ocupação do espaço público. A leitura do território e de suas necessidades, em ambas as experiências, se utiliza de ferramentas de georeferenciamento de informações, o que permite um conhecimento mais aprofundado das necessidades locais.

Nabil Bonduki apontou a reconquista do espaço público da cidade como um dos principais feitos do grupo Auto formação local. Diante de um espaço público segregado há imensa necessidade de se integrar os equipamentos públicos, o que fica muito facilitado quando se tem um modelo de gestão compartilhada a partir dos conselhos gestores. Essas instâncias locais devem promover debates sobre o que se deseja para o lugar em que vivemos e preparar a sociedade para participar ativamente do que se planeja para a cidade.

Pablo Ibañez chamou a atenção para o conceito de horizontalidade, muito utilizado pela Auto formação local. Cunhado por Milton Santos, diz respeito às relações que se estabelecem a partir da relação, do convívio que o cotidiano proporciona. Nesse sentido, o convívio e a utilização do espaço público produzem uma desaceleração do cotidiano, permitindo que novas coletividades emerjam.

A participação da Instituição Projetos Terapêuticos na Auto formação local fortalece nosso objetivo de agir sobre o território em rede, colocando em prática nossa concepção de saúde que só pode existir quando os múltiplos aspectos da vida são levados em conta. Este evento foi um praticável que demonstrou a potência do funcionamento em rede e da saída para o território, que se fez seguindo os múltiplos caminhos que as idéias e elaborações percorreram a partir da confluência de várias iniciativas e necessidades.

Para conhecer as experiências citadas e as questões que foram discutidas veja através do link abaixo o vídeo do evento!

Territórios 2010 from Flor Rodrigues on Vimeo.

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2 de dez. de 2010

Matéria da TVT sobre o 20o PicNic do Movimento Boa Praça!

Nesta quarta-feira, 1 de dezembro, foi veiculada uma matéria da TV do Trabalhadores sobre o 20 PicNic do Movimento Boa Praça! Vejam no link abaixo a partir do minuto 23.

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24 de nov. de 2010

Já estamos no 20o PicNic Comunitátio (dentro do território Boa Praça). Desta vez, o tema que temos é a Paz na Diferença.
Paz na Diferença:
O Paz na Diferença, evento realizado pela Instituição Projetos Terapêuticos há 5 anos, é uma ação territorial que reúne a comunidade em torno de um gesto simbólico pela paz, agenciando aspectos artísticos, clínicos e políticos. O gesto central é a dobradura em conjunto de 1000 origamis tsurus, que representa aquilo que entendemos por Paz: estar juntos, fazer juntos e aprender juntos em torno de um desejo em comum.

A cada ano o evento se amplia na articulação com novos parceiros, conservando a delicadeza da "transformação de um pedaço de papel em um pássaro, de fazer num pedaço do tempo, um laço".

Neste ano o evento acontecerá em parceria com o Movimento Boa Praça e será realizado na Praça Amadeu Decome. Além das dobraduras de Tsurus e do Pic-nic na praça, estarão ainda presentes outras iniciativas como o pessoal do Pedal Verde, Feirinha de Orgânicos, Biblioteca na Praça, Oficina de Saúde Bucal e Associação de Artistas da Vila Madalena.

Pedal Verde:
Vamos comemorar o 20.o PEDAL VERDE com muita festa!! Para celebrar especialmente esta data, estamos nos unindo ao MOVIMENTO BOA PRAÇA e ao PAZ NA DIFERENÇA do Projetos Terapêuticos.

Será um dia inteiro de atividades, saindo 9:00 com o PEDAL VERDE do Viveiro Manequinho Lopes, em direção a Praça Amadeu Decome. Lá vamos realizar o plantio de quaresmeiras e manacás – árvores do gênero Tibouchina, nativas da nossa Mata Atlântica!

Na hora do almoço estaremos dobrando com o Paz na Diferença, 1.000 Tsurus pela Paz e a tarde teremos música, pic-nic (leve algum prato para partilhar), jogos e brincadeiras para as crianças e adultos, além de técnicas de meditação e respiração com o Arte de Viver.

O evento é aberto à participação de toda a população! Esperamos você com muita alegria e paz!! Até lá!




Algumas palavras: Intenção e presença.

21 de out. de 2010

Momento de reflexão

Acredito no poder do indivíduo, na articulação local e na vida comunitária. Vivo isso intensamente e cada vez mais acredito que uma transformação efetiva na nossa sociedade só vai acontecer na hora em que todos os habitantes da nossa cidade resolverem assumir seu papel de cidadãos. Ao mesmo tempo, acredito também que, apenas com políticas publicas consistentes que visualizem esse fortalecimento e garantam o espaço possível desta atuação local , é que vamos conseguir de fato resultados.

A realidade que vivemos hoje, não favorece que ações como a do Movimento Boa Praça aconteçam de forma efetiva. É muito difícil para mim por exemplo, que sou mãe de dois filhos e tenho muita conta para pagar, além das obrigações como mãe (que são muitas), conseguir atender a todas as demandas que vão surgindo conforme vamos imergindo dentro da comunidade.

No caso do Boa Praça, onde queremos consolidar um espaço de encontro, debate, comunhão, dando para a praça uma função comunitária, acabamos por encontrar além de uma praça deteriorada, uma comunidade praticamente inexistente e que não está preparada minimamente para dialogar... Neste sentido, o foco que a princípio era a praça, acaba indo também para a comunidade pois sabemos que, ao fortalecer a comunidade, poderemos gerar por conseqüência um maior interesse nestes espaços publicos.

Na hora que resolvemos lidar com estas questões comunitárias, nos deparamos com problemas de diversos setores; as duas escolas estaduais que temos aqui no entorno por exemplo, são caóticas. Uma delas, a Mauro de Oliveira, parece literalmente uma prisão. Cheia de grades e muros recém construídos, essa escola que originalmente tinha um projeto muito bacana, hoje tem medo de seus alunos e os trancafia com cadeados por medo de violência (coisa que vem acontecendo bastante por aqui). O Ciridião, a outra escola, também é uma vergonha... Para se ter uma idéia, demoramos mais de 2 meses só para conseguir agendar uma reunião com a diretora e, quando conseguimos finalmente uma conversa, encontramos a escola totalmente fechada para qualquer tipo de ação que envolva uma atuação coletiva escola e comunidade...

Estou dizendo tudo isso, só para justificar o meu comentário de que as demandas são muitas (e ainda estamos só no começo...) e os recursos.... zero. Quando conversamos com as empresas locais, por exemplo, pedindo auxílio nesse processo, a resposta normalmente é negativa, vez ou outra conseguimos parcerias pontuais mas sempre com a grande e velha contrapartida do marketing, o que elas querem é divulgar o produto delas, não estão nem aí com o entorno delas...

Pois é, esta realidade de cidadã que apenas quer viver em comunidade... é muito difícil. Mesmo no nosso caso (boa praça) que já temos algum caminho andado como já uns 30 vizinhos articulados atuando diariamente na comunidade (de forma 100% voluntária), mais uns 300 que auxiliam a gente com divulgação e ajudas pontuais, só conseguiremos chegar em algum lugar de fato quando tivermos políticas publicas conectadas a essa realidade ou mesmo que favoreçam este debate para que mais e mais pessoas se sintam dispostas a fazer alguma coisa em nome do lugar onde vivem.
Ou seja, além de depositar o poder em nós mesmos (o que é fundamental), precisamos ter um governo que fale a nossa língua, que entenda estas nossas demandas, que busque soluções conjuntas e que abra espaços de trocas, debates e comunhão....

28 de set. de 2010

Jovens líderes - Mobilização pela reforma de praças públicas (reportagem veiculada pela Rádio Câmara)

Cecília Lotufo, hoje 36 anos, já foi musa do movimento caras-pintadas. Em 1992, em São Paulo, ela acompanhou voto a voto a transmissão ao vivo de Brasília a abertura do processo de impeachment contra o ex-presidente Fernando Collor.

A multidão foi comparada ao movimento estudantil da década de 60 contra a ditadura, mas sob o enfoque da manutenção do regime democrático, em vez da luta pela queda do regime em 68.

A energia jovem, segundo Cecília, foi direcionada para a intervenção no momento político da época.

"Eu era uma menina, uma adolescente, que é bem essa época que a gente percebe que tem muita força. E essa energia nessa época está a ponto de explodir, e isso foi um pouco do que aconteceu, foi um momento que eu estava com muita coisa dentro de mim e eu precisava colocar isso para fora. Foi como uma explosão mesmo que isso aconteceu na minha vida e no meu entorno"

A ex cara-pintada ainda acredita na mobilização juvenil em momentos de crise política, mas escolheu um novo caminho. Cecília Lotufo criou o projeto "Boa Praça", onde moradores se juntam para recuperar, por conta própria, espaços públicos na capital paulista.

A reforma de praças conta com a ajuda do comércio local e a comunidade se envolve na obra. Os novos espaços são utilizados pelas crianças e adolescentes da vizinhança, com lazer e esporte.
Cecília acredita que essa é uma nova forma de diálogo com a juventude.

"A gente começa a perceber que é preciso ter uma relação mais profunda da sociedade com o adolescente e vice-versa. Hoje a gente vem trabalhando para escutar mais esses adolescentes para encontrar dentro dele qual o espaço que ele vislumbra para ele, para que ele não tenha esses espaços ociosos e acabem ocupando ambientes que não digam respeito a ele necessariamente"

A cientista social, Janice Sousa, vê a mobilização dos jovens como irreversível, apesar de pontuais ainda em temas ligados diretamente a esse grupo e não em assuntos políticos nacionais.

"É uma tendência que está sendo identificada na última década, de meados de 90 para cá, que tem aparecido em movimentos que começaram pontuais e que se espalharam pelo Brasil. Um exemplo é o movimento de luta pelo transporte coletivo, pelo passe livre, que se espalhou pelo Brasil inteiro"

A pintura no rosto de Cecília Lotufo já saiu, mas ainda há herdeiros dos cara-pintadas país adentro. Em Alagoas, estudantes realizaram dois protestos no mês de agosto pelas ruas de Maceió contra a candidatura do senador Fernando Collor ao governo do Estado.

Cecília acredita no poder dos jovens. E acredita nas mudanças trazidas pela ação organizada mesmo que seja por pequenos grupos, aqui e ali...

"Eu tenho uma crença que o mundo pode ser melhor do que é hoje. Ele pode ser um mundo mais justo, mais humano. E acredito que as pessoas tem isso na sua própia origem, que no fundo a humanidade gostaria de ser assim, então eu vou buscando dentro do meu jeito de ser formas de ação que possam me levar através desse caminho e ao mesmo tempo transformar de alguma forma o mundo que eu vivo"

De Brasília, Keila Santana.

link da reportagem:



http://www.camara.gov.br/internet/radiocamara/?lnk=JOVENS-LIDERES-MOBILIZACAO-PELA-REFORMA-DE-PRACAS-PUBLICAS-0507&selecao=MAT&materia=111125&programa=132

14 de set. de 2010

16 de jun. de 2010

Refletindo sobre o distrito de Pinheiros:

(Vila Mundo)
A Auto-Formação Local Pinheiros, grupo itinerante que se encontra
quinzenalmente para discutir a própria região.
São representantes de instituições do poder público e da sociedade
civil organizada e cidadãos autônomos, que trabalham com saúde, educação
... e cultura, preocupados com o desenvolvimento humano integral.
A Auto-Formação aborda temas como: bairro-escola, cultura urbana,
educação integral e juventude e trabalho. As pessoas ali reunidas tem
como objetivo comum conhecer outras entidades da região e trabalhar em
rede, além de compartilhar tecnologias que possam ser utilizadas para o
fortalecimento deste grupo. É uma oportunidade para as diversas
organizações apresentarem seus principais projetos e mapeamentos sobre a
região.
Entre as instituições que compõem a Auto-Formação Local, estão:
Associação Cidade Escola Aprendiz – Bairro Escola, Auto-CVC Arena
Radical, Casa da Cidade, Centro de Apoio Psicosocial (projeto saúde
mental e projetos terapeuticos), Iniciativa Local/Rede Brooklin, Instituto Familie, Movimento Boa Praça, Sistema COC de Ensino, entre outros.

Vejam vídeo que gravaram comigo sobre a minha participação na Autoformação:

1 de mai. de 2010

Mapeamento da Rede de Entidade de Pinheiros

A partir deste mapeamento (que ainda é uma prévia) temos como objetivo a construção do sentimento de coletividade, na promoção de ações integradas e na formulação de políticas públicas.

25 de abr. de 2010

Cinema na Praça: a magia de Charles Chaplin com trilha sonora ao vivo em Pic-Nic Comunitário


Que tal um cineminha no início da noite de domingo? Um ótimo programa, certo? Ainda mais se a exibição for ao ar livre, numa praça agradável na zona oeste de São Paulo. Isso mesmo. Estamos te convidando para o próximo Pic-Nic Comunitário do Movimento Boa Praça. Nesta 13a edição o tema será Cinema na Praça e acontecerá no domingo, 25 de abril, das 16 às 21 horas na Praça François Belanger, que fica entre as ruas Pereira Leite e Araioses (travessas das avenidas Heitor Penteado e Cerro Corá).

A programação foi escolhida por meio de uma enquete que durou uma semana e teve a participação de dezenas de pessoas que enviaram sugestões de filmes que gostariam de assistir na praça. Foram citados os mais variados gêneros e procedências. O resultado privilegiou algo que agradasse toda a família, mas que ao mesmo tempo tivesse um conteúdo reflexivo, que é uma das tônicas do Movimento Boa Praça.

A programação do Cinema na Praça será iniciada às 19 horas com curtas do ator e diretor inglês Charles Chaplin. A exibição terá um charme à parte. Assim como acontecia nos tempos do cinema mudo, a trilha sonora será executada ao vivo pelo grupo Os Trilheiros. Os músicos Thiago Pitiá (violão e percussão), Ilca Leanza (teclados e percussão), moradores do bairro, e Michelle Ortega (violino) já percorreram o país fazendo trilhas de filmes mudos em praças e lugares onde pessoas nunca tinham ido ao cinema. “É um trabalho de improviso, em que eles tentam traduzir a emoção do filme em forma de música”, diz Cecília Lotufo, uma das organizadoras do Movimento Boa Praça. Na seqüência, serão apresentados também os curtas Mutantes de Rubens Rewald e Rossana Foglia (ambos moradores da região) e Ilha das Flores, de Jorge Furtado.

Cidadania desde cedo

Como em toda edição, as crianças também têm o seu espaço no Boa Praça. Dessa vez, a Casinha na Árvore levará atividades lúdicas ambientais como a montagem de cestinhas de piquenique e decoração com garrafas pets. E, como em edições anteriores, a Casa do Crescer organizará um troca-troca cultural de livros. Para essas duas atividades as crianças devem levar livros em bom estado para as trocas e garrafas pet para a oficina. Quanto aos adultos, basta levar uma comida ou bebida que farão parte da mesa comunitária de nosso Pic-Nic. O 13o Pic Nic Comunitário contará mais uma vez com o apoio da Subprefeitura de Pinheiros. Como de costume, esperamos reunir em torno de 200 pessoas.

26 de fev. de 2010

Uma praia no gramado?

Movimento Boa Praça promove seu 11º piquenique comunitário e leva piscinas, frescobol, música e muita alegria para uma praça paulistana. O intuito é ocupar o espaço público, promover a boa vizinhança e viver uma cidade mais humana
Será que as praças podem virar praias para o paulistano? “Se entendermos a praia como local de encontro, de descontração, de lazer absolutamente democrático – por que não?”, diz Alexandre Silva, um dos integrantes do Movimento Boa Praça, que pretende levantar essas questões em seu Piquenique Comunitário, o de número 11, cujo tema será “Praia na Praça”. O evento acontece no próximo domingo, 28/2, das 10 às 15h, na Praça Amadeu Decome, conhecida como mirante da Lapa, entre as avenidas Cerro Corá e Heitor Penteado, na zona Oeste de São Paulo. “A idéia é ocupar e vivenciar o espaço público, devolvendo às praças o seu sentido primeiro: de lugar de encontro, debate, inclusão. Queremos mobilizar as pessoas do entorno para que todos se apropriem da praça e passem a usá-la regularmente. Assim, teremos uma cidade mais humana”, diz Carolina Tarrío, outra integrante do movimento.
Para participar, basta levar uma comida ou bebida, que formarão parte de uma mesa comunitária. Também são bem-vindas piscinas para as crianças, guarda-sóis e cadeiras de praia, além de cangas e trajes de banho, claro. “Vamos montar um trocador em uma das nossas tendas e convidamos quem quiser para vir brincar, tomar sol e participar de um dia cidadão”, diz Cecília Lotufo, uma das fundadoras do Boa Praça. O Movimento é formado por moradores dos bairros de Pinheiros, Vila Anglo, Lapa e tem sido o grande responsável por mudanças na paisagem urbana da zona Oeste de São Paulo. Graças à ação do grupo, três praças da região passaram por reformas, limpeza, manutenção de brinquedos, entre outras melhorias. São elas: François Belanger, na rua Pereira Leite; Paulo Schiesari, na rua Pedro Soares, e Amadeu Decome, na avenida Cerro Corá.
Desde que foi fundado, há cerca de um ano, o Boa Praça promove piqueniques comunitários, todo último domingo do mês. “Queremos, a cada evento, deixar a praça melhor do que a encontramos. Nesse sentido, catamos lixo, varremos e já promovemos oficinas de grafitagem e mosaico, por exemplo”, explica Ricardo Ferraz, outro dos integrantes. A iniciativa, totalmente voluntária, chegou a reunir duzentas pessoas no último piquenique, em novembro.
Tudo começou por causa do pedido de uma menina. Alice, de apenas 4 anos, disse à mãe que queria fazer sua festa de aniversário na pracinha que frequentava com a família, François Belanger. A mãe, vendo o estado de abandono do local, primeiro pensou que seria inviável, e depois, propôs um desafio: Alice não ganharia nenhum presente, mas veria o parquinho recuperado. Quanto a menina topou, Cecília passou a buscar apoio na subprefeitura, nas empresas da região e, principalmente, entre moradores. No dia 14 de setembro de 2008, mais de duzentas pessoas se reuniram para comemorar os 5 anos de Alice e mudar a cara da praça. A experiência mostrou que a comunidade pode fazer muito por seu bairro e outros moradores, do entorno de outras praças, passaram a integrar o Movimento. Surgiu assim o Boa Praça.
"O Movimento Boa Praça entende que iniciativa privada, poder público e comunidade têm de trabalhar juntos para mudar a cara da cidade. “Sem a participação de todos, o espaço público perde sua função. De nada adianta, por exemplo, a prefeitura cuidar da praça se a comunidade não zela por ela. Também é de entendimento do Boa Praça que a iniciativa privada pode se beneficiar do trabalho conjunto, já que ele traz novas perspectivas de negócios”, diz Ricardo Ferraz. Assim, o Movimento tem sido um grande interlocutor para que se estabeleça uma relação de ganha-ganha entre esse três elos da sociedade.

20 de jan. de 2010

Matéria da Revista Época São Paulo - Janeiro 2010


Cecília e Alice Lotufo
Idealizadoras do Movimento Boa Praça
Cecília Lotufo ficou conhecida em todo o país em 1992, quando pintou a palavra “fora” no rosto e saiu às ruas da cidade protestando pelo impeachment do presidente Fernando Collor. Dezesseis anos depois, casada e mãe de dois filhos, viu traços desse engajamento na filha mais velha, Alice, às vésperas de completar quatro anos. “Quero que você conserte a praça para eu brincar”, disse a garotinha, quando a mãe perguntou que presente ela queria para seu aniversário em 2008. E lá foi a mãe cara-pintada pleitear a reforma da Praça François Belanger, no Alto de Pinheiros, na prefeitura. Sua moeda de troca com o poder público era uma festa aberta à comunidade. Os consertos foram realizados e 200 pessoas comemoraram a novidade no aniversário de Alice. Nascia ali o Movimento Boa Praça, que em 2009 passou a congregar (em piqueniques mensais e temáticos) interessados em recuperar outros espaços de lazer da vizinhança. A mobilização surtiu efeito: os “boas praças” venceram um edital da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e, a partir de abril, poderão contar com uma verba de R$ 90 mil para revitalizar três praças com o apoio de moradores do entorno – o que inclui a comunidade carente da Vila Anglo.
• Eduardo Zanelato

“Sozinho não se consegue nada. Nem o impeachment de um presidente nem a recuperação de uma praça.” Cecília Lotufo