Movimento Boa Praça promove seu 11º piquenique comunitário e leva piscinas, frescobol, música e muita alegria para uma praça paulistana. O intuito é ocupar o espaço público, promover a boa vizinhança e viver uma cidade mais humana
Será que as praças podem virar praias para o paulistano? “Se entendermos a praia como local de encontro, de descontração, de lazer absolutamente democrático – por que não?”, diz Alexandre Silva, um dos integrantes do Movimento Boa Praça, que pretende levantar essas questões em seu Piquenique Comunitário, o de número 11, cujo tema será “Praia na Praça”. O evento acontece no próximo domingo, 28/2, das 10 às 15h, na Praça Amadeu Decome, conhecida como mirante da Lapa, entre as avenidas Cerro Corá e Heitor Penteado, na zona Oeste de São Paulo. “A idéia é ocupar e vivenciar o espaço público, devolvendo às praças o seu sentido primeiro: de lugar de encontro, debate, inclusão. Queremos mobilizar as pessoas do entorno para que todos se apropriem da praça e passem a usá-la regularmente. Assim, teremos uma cidade mais humana”, diz Carolina Tarrío, outra integrante do movimento.
Para participar, basta levar uma comida ou bebida, que formarão parte de uma mesa comunitária. Também são bem-vindas piscinas para as crianças, guarda-sóis e cadeiras de praia, além de cangas e trajes de banho, claro. “Vamos montar um trocador em uma das nossas tendas e convidamos quem quiser para vir brincar, tomar sol e participar de um dia cidadão”, diz Cecília Lotufo, uma das fundadoras do Boa Praça. O Movimento é formado por moradores dos bairros de Pinheiros, Vila Anglo, Lapa e tem sido o grande responsável por mudanças na paisagem urbana da zona Oeste de São Paulo. Graças à ação do grupo, três praças da região passaram por reformas, limpeza, manutenção de brinquedos, entre outras melhorias. São elas: François Belanger, na rua Pereira Leite; Paulo Schiesari, na rua Pedro Soares, e Amadeu Decome, na avenida Cerro Corá.
Desde que foi fundado, há cerca de um ano, o Boa Praça promove piqueniques comunitários, todo último domingo do mês. “Queremos, a cada evento, deixar a praça melhor do que a encontramos. Nesse sentido, catamos lixo, varremos e já promovemos oficinas de grafitagem e mosaico, por exemplo”, explica Ricardo Ferraz, outro dos integrantes. A iniciativa, totalmente voluntária, chegou a reunir duzentas pessoas no último piquenique, em novembro.
Tudo começou por causa do pedido de uma menina. Alice, de apenas 4 anos, disse à mãe que queria fazer sua festa de aniversário na pracinha que frequentava com a família, François Belanger. A mãe, vendo o estado de abandono do local, primeiro pensou que seria inviável, e depois, propôs um desafio: Alice não ganharia nenhum presente, mas veria o parquinho recuperado. Quanto a menina topou, Cecília passou a buscar apoio na subprefeitura, nas empresas da região e, principalmente, entre moradores. No dia 14 de setembro de 2008, mais de duzentas pessoas se reuniram para comemorar os 5 anos de Alice e mudar a cara da praça. A experiência mostrou que a comunidade pode fazer muito por seu bairro e outros moradores, do entorno de outras praças, passaram a integrar o Movimento. Surgiu assim o Boa Praça.
"O Movimento Boa Praça entende que iniciativa privada, poder público e comunidade têm de trabalhar juntos para mudar a cara da cidade. “Sem a participação de todos, o espaço público perde sua função. De nada adianta, por exemplo, a prefeitura cuidar da praça se a comunidade não zela por ela. Também é de entendimento do Boa Praça que a iniciativa privada pode se beneficiar do trabalho conjunto, já que ele traz novas perspectivas de negócios”, diz Ricardo Ferraz. Assim, o Movimento tem sido um grande interlocutor para que se estabeleça uma relação de ganha-ganha entre esse três elos da sociedade.